Reposição hormonal local em mulheres que tiveram câncer de mama: o que a ciência permite hoje

O ressecamento vaginal e outros sintomas da atrofia geniturinária são queixas frequentes em mulheres após a menopausa. Em mulheres que tiveram câncer de mama, esses sintomas costumam ser mais intensos, especialmente quando houve bloqueio hormonal prolongado.

Por muitos anos, qualquer forma de estrogênio foi considerada proibida nesse grupo. No entanto, a ciência evoluiu e as diretrizes atuais refletem uma visão mais criteriosa e menos simplista.

O que é a atrofia geniturinária

A queda do estrogênio leva ao afinamento da mucosa vaginal, redução da lubrificação, alteração do pH e maior fragilidade dos tecidos. Isso pode causar dor na relação sexual, ardor, infecções urinárias recorrentes e impacto significativo na qualidade de vida.

Esses sintomas não são apenas desconfortos locais, eles afetam a autoestima, a vida sexual e o bem-estar emocional.

As diretrizes da Sociedade Brasileira de Mastologia e de sociedades internacionais recomendam que o tratamento inicial seja sempre não hormonal. Lubrificantes, hidratantes vaginais, fisioterapia do assoalho pélvico e orientações comportamentais acabam sendo suficientes para muitas mulheres.

Essas medidas devem ser tentadas de forma adequada antes de se considerar qualquer outra intervenção.

Quando o estrogênio vaginal pode ser considerado

Em casos em que os sintomas persistem apesar das medidas não hormonais, as diretrizes permitem considerar o uso de estrogênio vaginal de baixa dose. Esse tipo de estrogênio tem ação predominantemente local, com mínima absorção sistêmica.

É fundamental diferenciar estrogênio vaginal de reposição hormonal sistêmica — esta última continua contraindicada na maioria dos casos após câncer de mama.

A indicação do estrogênio vaginal deve ser individualizada e discutida em conjunto com o oncologista. Fatores como tipo de câncer, receptor hormonal, tempo de tratamento oncológico e medicações em uso influenciam essa decisão.

Alguns estudos não demonstram aumento significativo de recorrência, mas ainda existem incertezas, especialmente em mulheres em uso de inibidores de aromatase.

O que isso significa na prática

Mulheres que tiveram câncer de mama não devem ser privadas automaticamente de tratamento para sintomas geniturinários, mas também não devem usar hormônios por conta própria. O equilíbrio está na avaliação criteriosa, baseada em evidência, diálogo entre especialidades e respeito à individualidade de cada paciente.

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