A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das alterações hormonais mais comuns em mulheres em idade reprodutiva, com impacto direto na saúde menstrual, fertilidade e metabolismo. Embora seja frequentemente mencionada, ainda existem muitas dúvidas e mitos em torno do diagnóstico e das opções de tratamento.
Entender os sinais, as causas e as estratégias de manejo é fundamental para identificar a SOP precocemente e garantir mais qualidade de vida à paciente.
O que é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)?
A SOP é uma condição de origem hormonal que afeta o funcionamento dos ovários. Ela se caracteriza por três principais alterações:
- Irregularidade menstrual ou ausência de ovulação;
- Excesso de hormônios androgênicos (como a testosterona), que pode causar sintomas como acne, aumento de pelos e queda de cabelo;
- Ovários com múltiplos folículos pequenos visíveis ao ultrassom, popularmente chamados de “ovários policísticos”.
É importante destacar que o termo “ovários policísticos” no ultrassom não é suficiente para fechar o diagnóstico. Muitas mulheres podem apresentar esse padrão ovariano sem ter a síndrome.
Quais são os principais sintomas?
Os sintomas variam de mulher para mulher, mas os mais comuns incluem:
- Menstruação irregular ou ausência de ciclos menstruais;
- Dificuldade para engravidar;
- Acne de difícil controle;
- Aumento de pelos no rosto, abdômen ou costas (hirsutismo);
- Queda de cabelo em padrão masculino;
- Ganho de peso ou dificuldade para emagrecer;
- Pele oleosa e presença de cistos nos ovários ao ultrassom.
Além disso, a SOP está associada a um maior risco de resistência à insulina, pré-diabetes, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e alterações no colesterol.
Como é feito o diagnóstico da SOP?
O diagnóstico da SOP é clínico e baseado em critérios bem definidos, conhecidos como Critérios de Rotterdam, que exigem pelo menos dois dos três achados abaixo:
- Oligo-ovulação ou anovulação (menstruações irregulares ou ausentes);
- Hiperandrogenismo clínico (acne, hirsutismo) ou laboratorial (testosterona elevada);
- Ovários com aspecto policístico ao ultrassom (com 20 ou mais folículos pequenos por ovário, ou volume ovariano aumentado).
Antes de confirmar o diagnóstico, é fundamental descartar outras causas de irregularidade menstrual e excesso de androgênios, como hiperplasia adrenal congênita, tumores ovarianos ou distúrbios da tireoide.
Quais são os tratamentos para ovários policísticos?
O tratamento da SOP deve ser individualizado, levando em consideração os sintomas, o desejo reprodutivo e o impacto metabólico. As abordagens incluem:
1. Mudanças no estilo de vida
A perda de peso, mesmo que discreta (de 5 a 10% do peso corporal), pode regular os ciclos menstruais, melhorar a ovulação e reduzir os níveis de insulina e androgênios.
A prática regular de atividade física e uma alimentação equilibrada são pilares essenciais no manejo da síndrome.
2. Tratamento medicamentoso
- Anticoncepcionais hormonais combinados são uma das primeiras escolhas para regular os ciclos, reduzir o excesso de androgênios e proteger o endométrio.
- Antiandrogênicos, como a espironolactona, podem ser indicados em casos de acne intensa ou hirsutismo.
- Metformina, um medicamento usado para resistência à insulina, pode ser útil em pacientes com alterações metabólicas e também pode auxiliar na ovulação.
3. Tratamento para quem deseja engravidar
Nos casos em que a SOP causa infertilidade, algumas opções incluem:
- Indução da ovulação com medicamentos como letrozol ou citrato de clomifeno;
- Tratamentos de reprodução assistida, em casos de falha da indução;
- Controle metabólico e do peso, que podem melhorar significativamente a taxa de sucesso gestacional.
A SOP tem cura?
A SOP é uma condição crônica, sem cura, mas é perfeitamente controlável com acompanhamento ginecológico adequado, mudanças no estilo de vida e, quando necessário, medicação. O tratamento precoce é essencial para prevenir complicações a longo prazo, como infertilidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
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