A endometriose é uma doença ginecológica crônica que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva, podendo comprometer significativamente a qualidade de vida. Entre os diferentes tipos, a endometriose profunda é considerada uma das formas mais graves, devido à profundidade das lesões e ao impacto nos órgãos e sistemas afetados.
Entender o que é a endometriose profunda, como ocorre seu diagnóstico e quais são as opções de tratamento é fundamental para garantir um cuidado adequado, precoce e multidisciplinar.
O que é endometriose profunda?
A endometriose profunda é caracterizada pela presença de tecido endometrial — que normalmente reveste o útero por dentro — infiltrando com mais de 5 mm de profundidade fora da cavidade uterina. Essas lesões podem atingir órgãos como intestino, bexiga, ureteres, ligamentos uterossacros, vagina e até nervos pélvicos.
Por ser infiltrativa, muitas vezes seus sintomas são mais intensos e incapacitantes do que nos outros tipos de endometriose. No entanto, a gravidade dos sintomas não depende apenas da profundidade das lesões, mas também de sua localização.
Quais são os sintomas da endometriose profunda?
Embora algumas mulheres com endometriose profunda sejam assintomáticas, os sintomas mais comuns incluem:
- Cólicas menstruais intensas e progressivas;
- Dor durante a relação sexual (dispareunia);
- Alterações intestinais cíclicas (como dor ao evacuar, constipação ou diarreia);
- Dor ao urinar, especialmente no período menstrual;
- Dor pélvica crônica;
- Dificuldade para engravidar.
Os sintomas costumam piorar durante o período menstrual, mas podem se tornar contínuos nos casos mais avançados.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da endometriose profunda exige atenção especializada. Muitas pacientes passam anos em busca de respostas até receberem o diagnóstico correto. Além da avaliação clínica detalhada, com análise dos sintomas e exame físico, alguns exames são fundamentais para a identificação das lesões profundas:
- Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal: é um dos exames de imagem mais eficazes na identificação da endometriose profunda, quando realizado por profissional treinado.
- Ressonância magnética da pelve: fornece imagens detalhadas e complementa a avaliação em alguns casos.
- Videolaparoscopia: procedimento cirúrgico que permite a visualização direta das lesões e, se necessário, sua remoção. Também pode confirmar o diagnóstico com biópsia.
É fundamental que o exame de imagem seja realizado por especialistas com experiência em endometriose, pois as lesões profundas podem ser discretas e passar despercebidas.
Tratamento da endometriose profunda
O tratamento depende da gravidade dos sintomas, da extensão das lesões e dos objetivos da paciente (como desejo de engravidar).
As opções incluem:
Tratamento clínico
Indicado para controle da dor e da progressão da doença em pacientes que não têm indicação imediata de cirurgia. As principais abordagens são:
- Anticoncepcionais hormonais combinados (uso contínuo);
- Progestagênios isolados (comprimidos ou implantes);
- Análogos do GnRH (em casos selecionados).
Esses tratamentos ajudam a reduzir a atividade das lesões e o processo inflamatório associado.
Tratamento cirúrgico
Indicado em casos de dor refratária ao tratamento clínico, obstruções intestinais ou urinárias, ou quando há comprometimento da fertilidade. A cirurgia é realizada por laparoscopia, preferencialmente com equipe multidisciplinar, devido à complexidade anatômica e ao risco de lesões em estruturas delicadas.
A remoção completa das lesões pode melhorar significativamente os sintomas e aumentar as chances de gravidez espontânea ou com reprodução assistida.
Endometriose profunda e fertilidade
A endometriose profunda pode comprometer a fertilidade feminina, especialmente quando afeta as tubas uterinas, ovários ou causa distorções anatômicas na pelve. Em casos de infertilidade associada, o tratamento deve ser individualizado, podendo incluir cirurgia conservadora ou técnicas de reprodução assistida.
Acompanhamento contínuo é essencial
A endometriose é uma doença de manejo crônico. Mesmo após o tratamento cirúrgico, muitas mulheres necessitam de acompanhamento contínuo com ginecologista especializado para controle da dor e prevenção de recidivas. O suporte psicológico também pode ser necessário, considerando o impacto emocional da condição.
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