O rastreamento do câncer de mama é uma das medidas mais importantes para a detecção precoce da doença e a redução da mortalidade feminina. Em 2025, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) unificaram suas diretrizes e passaram a recomendar a realização anual da mamografia a partir dos 40 anos de idade.
A mudança reflete uma atualização baseada em evidências científicas e na realidade epidemiológica brasileira, onde uma proporção significativa dos casos ocorre antes dos 50 anos. Este artigo explica o que mudou, por que a detecção precoce é essencial e como manter o rastreamento mamário de forma segura e eficaz.
O que mudou nas novas diretrizes da mamografia
Até recentemente, o Ministério da Saúde recomendava o rastreamento mamográfico bianual apenas para mulheres de 50 a 69 anos, enquanto a Sociedade Brasileira de Mastologia já defendia a realização anual a partir dos 40 anos.
A unificação das diretrizes em 2025 estabelece oficialmente que todas as mulheres entre 40 e 64 anos devem realizar mamografia anualmente, independentemente de apresentarem sintomas. Essa atualização reconhece que cerca de 23% dos casos de câncer de mama ocorrem entre os 40 e 50 anos, faixa etária que antes ficava parcialmente descoberta pelo rastreamento público.
O objetivo é identificar alterações mínimas no tecido mamário ainda em estágio inicial — quando o tratamento é mais simples, menos agressivo e com altas taxas de cura.
Por que o rastreamento precoce é tão importante
O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras, excluindo o de pele não melanoma. Estima-se que cerca de 73 mil novos casos sejam diagnosticados anualmente no país, segundo o INCA (2023).
A mamografia é o exame de imagem mais eficaz para detectar nódulos, microcalcificações e distorções no tecido mamário antes mesmo que se tornem palpáveis. Essa detecção precoce permite iniciar o tratamento em fases iniciais, o que pode elevar as chances de cura para acima de 90%.
Além disso, o exame utiliza baixa dose de radiação, sendo considerado seguro, rápido e amplamente acessível. A qualidade da imagem e a sensibilidade diagnóstica têm melhorado com a tecnologia digital e o uso da mamografia 3D (tomossíntese), que aumenta a capacidade de identificar lesões em mamas densas — mais comuns em mulheres jovens.
Fatores de risco e rastreamento individualizado
Embora o rastreamento a partir dos 40 anos seja indicado para todas as mulheres, algumas necessitam de um protocolo personalizado.
Entre os fatores que elevam o risco de câncer de mama estão:
- História familiar da doença, especialmente em parentes de primeiro grau;
- Presença de mutações genéticas (BRCA1, BRCA2);
- Menarca precoce e menopausa tardia;
- Obesidade e sedentarismo;
- Consumo excessivo de álcool;
- Exposição prolongada a hormônios sem acompanhamento médico.
Nesses casos, a ginecologista ou mastologista pode indicar rastreamento complementar, como ressonância magnética de mamas ou ultrassonografia mamária, além da mamografia convencional.
A conduta deve sempre ser individualizada, respeitando o perfil hormonal, o histórico clínico e o risco genético de cada paciente.
A importância da continuidade e do acompanhamento médico
Fazer a mamografia uma vez não é suficiente. O impacto do rastreamento depende da regularidade dos exames e do acompanhamento médico contínuo.
A comparação entre mamografias de anos consecutivos ajuda a identificar alterações sutis, permitindo diagnósticos ainda mais precoces.
É essencial que as mulheres não adiem seus exames por medo, falta de tempo ou ausência de sintomas. A maior parte dos cânceres iniciais é assintomática, e o diagnóstico precoce continua sendo a estratégia mais eficaz para preservar a vida e a qualidade do tratamento.
Além da mamografia, a avaliação ginecológica anual deve incluir o exame clínico das mamas e, se necessário, orientações sobre medidas preventivas e hábitos saudáveis.
Conclusão
A atualização das diretrizes para a mamografia representa um avanço importante na saúde feminina no Brasil. O rastreamento anual a partir dos 40 anos amplia o acesso ao diagnóstico precoce e pode reduzir significativamente a mortalidade por câncer de mama.
Manter os exames em dia e conversar abertamente com o ginecologista sobre o histórico familiar e os fatores de risco é a melhor forma de garantir um cuidado preventivo eficaz.
A informação salva vidas — e o rastreamento mamário salva ainda mais.
Agende sua consulta com uma ginecologista e mantenha seus exames atualizados.
Referências científicas
- Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais para o Rastreamento do Câncer de Mama – 2025. Brasília: MS, 2025.
- Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Recomendações para o rastreamento do câncer de mama. 2025.
- Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2023.
- American Cancer Society. Breast Cancer Early Detection and Diagnosis Guidelines. CA Cancer J Clin. 2023;73(1):10–30.
Palavras-chave
mamografia; rastreamento do câncer de mama; novas diretrizes mamografia 2025; exame de mamografia; prevenção câncer de mama; mamografia anual; Sociedade Brasileira de Mastologia; Ministério da Saúde 2025; diagnóstico precoce câncer de mama; ginecologia baseada em evidências



