O rastreamento do câncer do colo do útero é uma das estratégias mais eficazes de prevenção oncológica na saúde pública. Historicamente, o exame de Papanicolau foi o principal método utilizado no Brasil, responsável por reduzir significativamente os casos e a mortalidade pela doença nas últimas décadas.
No entanto, avanços científicos recentes permitiram o desenvolvimento de técnicas mais sensíveis e específicas, como o teste de DNA-HPV, que está sendo progressivamente incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para substituir o Papanicolau como exame de rastreamento principal.
Como funciona o teste de DNA-HPV
O teste de DNA-HPV tem como objetivo detectar a presença do Papilomavírus Humano (HPV) — especialmente os subtipos de alto risco oncogênico — diretamente no material coletado do colo do útero. Enquanto o Papanicolau identifica alterações celulares já instaladas, o teste molecular permite identificar o vírus causador dessas alterações antes que elas ocorram, oferecendo uma oportunidade de intervenção muito mais precoce.
O procedimento de coleta é semelhante ao do Papanicolau: utiliza-se uma escova cervical para obter células do colo uterino. O diferencial está na análise laboratorial, feita por técnicas de biologia molecular capazes de detectar fragmentos do DNA viral, inclusive em concentrações muito baixas. Essa metodologia apresenta sensibilidade superior a 90%, superando significativamente a acurácia citológica tradicional.
Vantagens e critérios de utilização
Segundo o Ministério da Saúde, o teste será ofertado para mulheres entre 25 e 64 anos, com periodicidade de a cada cinco anos quando o resultado for negativo. Essa frequência maior se justifica pela alta sensibilidade do método, que reduz o risco de resultados falso-negativos e torna o acompanhamento mais seguro e menos invasivo para as pacientes.
Entre as principais vantagens do teste estão:
- Maior detecção de lesões precursoras do câncer cervical;
- Redução de procedimentos desnecessários de repetição de exame;
- Rastreamento mais precoce e preciso;
- Otimização de recursos do sistema público de saúde.
O papel do Papanicolau nesse novo cenário
Embora o teste de DNA-HPV represente um avanço significativo, o Papanicolau ainda mantém sua relevância, sobretudo em regiões onde a nova tecnologia ainda não está implementada. Além disso, ele continuará sendo utilizado como exame complementar para o acompanhamento de mulheres que apresentem resultado positivo no teste molecular ou alterações já detectadas.
A substituição será gradual e planejada, garantindo que todas as unidades de saúde estejam preparadas para a nova metodologia. Assim, o processo de transição deverá ocorrer de forma equilibrada, priorizando a equidade e a abrangência do rastreamento populacional.
Conclusão
A adoção do teste de DNA-HPV no SUS é um marco importante na prevenção do câncer do colo do útero no Brasil. Ao possibilitar a detecção mais precoce do vírus e reduzir o número de casos avançados, o país se alinha às diretrizes internacionais recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). Essa atualização representa um passo concreto em direção à meta global de eliminação do câncer cervical como problema de saúde pública.
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Referências:
- Ministério da Saúde. Protocolo de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero com Teste de HPV. Brasília: Ministério da Saúde; 2024.
- Instituto Nacional de Câncer (INCA). Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 3ª ed. Rio de Janeiro: INCA; 2024.
- Arbyn M, et al. Detection of human papillomavirus DNA versus cytology for cervical cancer screening. N Engl J Med. 2018;378(2):185–187.
- World Health Organization (WHO). Global strategy to accelerate the elimination of cervical cancer as a public health problem. Geneva: WHO; 2023.
- Schiffman M, Wentzensen N. A suggested approach to simplify and improve cervical screening in the United States. J Low Genit Tract Dis. 2021;25(1):1–6.




